Eu estava bem a vontade no quintal, deitado na rede relaxando um pouco, com esse calor que anda fazendo, e nesse calor nada como uma uma bela rede na sombra, eu estava ali cochilando quando a rede balançou e me acordou :
- Ei Dió, acorda, olha essa imagem do sol de fim de tarde, você não pode perder esta visão, você já notou que cada ano que passa esse período do verão é mais quente?
É...notei, mas você não precisava me acordar para perguntar isso, agora você me tirou o sono, sacanagem sua!
Deixa prá lá, já que me tirou o sono, vou aproveitar e tomar uma água de coco geladinha e vou lá escrever um pouco.
Eu sai dali e resolvi escrever e seria sobre o verão, fiquei ali pensando e me lembrei de um passeio que fiz ao litoral em um desses verões a alguns anos atras.
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Eu não sou muito chegado a praia, sou um cara urbano, gosto de ouvir gente falando, risos,carros
passando, cachorro latindo, crianças brincando, buzinas, típicos de uma grande cidade.
Também não sou chegado em mato, essa coisa de pernilongo picando, formigas e insetos, não é comigo não, nascido aqui na capital, São Paulo, convivendo no meio de prédios, trânsito, muita gente para lá e para cá, tudo isso passou a ser normal e fazer parte de meu dia a dias e acabei me acostumando com essa zona toda, e gosto do "conforto" da cidade grande, se assim posso dizer.
Voltando ao assunto da praia, da última vez que fui a praia, e já faz muito tempo, e desse passeio me veio a lembrança de um casal engraçados.
Nesse dia, perto de mim, havia um casal, daqueles do tipo, estar vendo a praia pela primeira vez manja, só podia, eles eram brancos, de tão brancos chegavam a ser transparentes feito parafina e isso chamavam atenção de todos por ali.
Eles estavam no sol há horas sem proteção alguma, era carne fritando naquele sol ardente, o homem era baixo de meia idade, meio forte, eu não sei se ele era forte ou estava inchaço, tinha um puta barrigão saliente, parecia um sapo.
A coisa já estava virando queimadura de terceiro grau, e a cena de amor então, ele corria pra “beirinha” do mar e se jogava na água, levantava o calção que caia mostrando parte da bunda, procurava a amada na areia e mandava beijinhos.
Ela era baixa, um pouco mais nova que ele, ela estava com um biquíni azul celeste,deitada na esteira, toda melada de areia mais parecia um croquete.
Na hora de comer é que o bicho pegou, eles haviam levado uma cestinha de guloseimas pra praia, esta cestinha estava no porta malas de seu Chevette marrom claro, o "veiculo" ficava estacionado perto da areia, e ali mesmo eles faziam a bóia.
O duro era aguentar o "som" que eles ouviam, o carro de porta malas aberto com o som no ultimo volume tocando hits de verão "brega", tocava uma merda atrás da outra, e os dois cantavam e dançavam sem constrangimento algum.Cara, aquilo tocava tanto que até os alto falantes estavam ficando roucos, Deus acuda a musica popular brasileira.
Voltando a cestinha, ele foi até o “veiculo”, pegou uma cestinha daquelas do tipo da “chapéuzinho vermelho”, abriu e saiu dali um suculento pão com maionese, depois coxinhas de frango, arroz a grega, ”refri” em garrafa pet aquelas de 2,5 litros, de marca desconhecida.
E bebida alcoólicas, prá inicio de aquecimento, surgiu um garrafão de vinho daqueles de 5 litros, marca popular, desses pra vomitar e dar dor de cabeça, e tinha também "batidinhas" de amendoim e maracujá (urgh) e por ai vai...
Não poderia faltar a farofa, o churrasquinho era ao vivo, era fumaça prá tudo quanto é lado, depois de tudo preparado a carnificina começou, era coxinha com areia, espetinho, mais areia, e tudo temperado com areia, quando algum "teco" caia na areia, era só soprar e mandar prá dentro.
Na hora de beber, eles havia esquecido os copos e ai bebiam no “bico” das garrafas e também do garrafão de vinho, coisa que dava nojo, era a gordura e sobras de comida grudadas no gargalo, arroz que ficava na boca das garrafas depois de cada golada. (huurrrppp).
Eu queria ler meu livro mas não conseguia me concentrar, o barulho daquela musica infernal e também da boca deles mastigando, aquilo tudo me tirava a atenção.
O final da tarde foi chegando e eles começaram a recolher as tralhas, depois de tudo no carro, os dois estavam queimados como se tivessem saído de um incêndio.
Ele cada vez que se sentava no banco do carro grudava, ela estava com o rosto, o rego do peito, a polpa da bunda, tudo branco, eles pareciam dois ursos polares saindo do mar, ele gentilmente colocou algumas sacolinhas de mercado nos bancos do carro, isso para não sujar tudo, os dois entraram no Chevette e partirame eu ainda conseguia ouvir aquelas musicas corroendo meu cérebro, será que existe alguma explicação do porque musica ruim faz sucesso rápido no Brasil?
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