Sabe aqueles dias que dá vontade de fuçar nas coisas antigas, aqueles dias em que a gente procura algumas referências lá atrás?
Ninguém vive do passado, mas ele deixa rastros pelas estradas, as quais devemos a vezes olhar para trás para ver se ainda estamos no caminho certo, se deixamos algo bom pelo caminho, e eu estava vendo alguns objetos quando ouvi um chamado :
Ninguém vive do passado, mas ele deixa rastros pelas estradas, as quais devemos a vezes olhar para trás para ver se ainda estamos no caminho certo, se deixamos algo bom pelo caminho, e eu estava vendo alguns objetos quando ouvi um chamado :
-Psiu, ei você!
A voz vinha de uma prateleira mais abaixo, dei uma espiada e era um LP de rock, aquela "bolacha" antiga, preta de vinil, ele em uma prateleira do lado junto de alguns objetos, ele me olhando disse :
- E ai bicho, tudo na paz, o que traz você aqui, faz muito tempo que não recebo uma visita sequer, nem pra tirar esse pó acumulado.
Vi logo que ele era um antigo LP dos anos 70, inclusive pela conversa, ele ainda utilizava aquelas antigas gírias da época, e ele continuou :
- Bicho faz tempo que ninguém me "toca", o que aconteceu com os toca discos, faz um bom tempo que não rodo em nenhum?
Para não deixar ele triste e frustrado, evitei em dizer a ele, que já estava ultrapassado e que a fabricação de lps praticamente foi quase extinta, muito pouco coisa se produz.
Como desculpas disse a ele que o toca disco estava quebrado e assim que estiver pronto, em funcionamento, eu iria pega-lo prá ele "girar" um pouco.
Depois de trocarmos algumas idéias, me despedi, fechei o armário e me encaminhei para o pc, senti que precisava escrever alguma coisa a respeito.
Ao me sentar e tentar escrever algo, me veio a mente a figura daquele velho LP ali encostado, largado, esquecido, pensando um pouco mais profundamente nele, você consegue imaginar quantos sonhos ele deve ter embalado através de suas musicas?
É um tipo de sonho que só os jovens conseguem ter, sonhos com os seus melhores dias, sonho com amores, conquistas incluindo as do tipo :
- Eu te amo e não vivo sem você, e seremos felizes para sempre!
Quantas noites de muita musica, bebidas, sexo, ele deve ter visto, pensando naquele velho disco, me veio a mente a lembrança dos velhos e bons tempos do rock and roll.
Era final dos anos 70 e começo dos anos 80, aquele era meu tempo, ali estava um jovem sonhador, parecido muito com jovens de hoje, como dizia minha irmã, um cara que achava que o mundo fosse uma eterna festa, eu era um garoto que estava fazendo as minhas descobertas e as minhas escolhas.
Lembranças das eternas bandas de rock que naquela época estavam no auge do sucesso, bandas como The Beatles, The Who, Creedence, ZZ Top, Deep Purple, Black Sabbath, Pink Floyd, Led Zeppelin, The Doors, Aerosmith, Fleetwood Mac, Genesis, The Rolling Stones, Queen, The Eagles, jimi Hendrix, Janis Joplin e tantas outras bandas e artistas que se eu fosse citar a lista não teria mais fim, isso sem contar com os artistas e as bandas de rock que faziam sucesso por aqui, como Raul, Casa das Maquinas, Mutantes, Terço, Camisa de Vênus, etc.
Na época eu participa de um grupo que tinha diversas casa noturnas, pode-se comparar as baladas que existem hoje, só que eram baladas "de Rock", no salão que eu "trabalhava" tocava-se rock, a casa chegava a receber aproximadamente umas 1.200 pessoas por noite, comecei fazendo iluminação, som e depois fui cuidar da grana, foram mais de 10 anos, marcados por muitas histórias.
Sou nascido nos anos 60 e acompanhei todas as mudanças que houveram nesse período, as informações demoravam a chegar, ficávamos na expectativa dos lançamentos musicais que aconteciam fora, quando chegava algo novo das grandes bandas de rock, logo comprávamos as bolachas (LP), naquela época muita coisa importada chegava por aqui, eram mais caras, mas valia a pena.
Tudo era precário pela visão do que temos disponível hoje, mas era muito legal, os efeitos especiais que criávamos com os poucos recursos da época, as musicas, a galera dançando, dá para você imaginar o que era isso no fim dos anos 70 e começo dos anos 80?
Naquele período, o período do sexo, drogas e rock and roll existia diversos tipos de drogas, mas era uma meia dúzia de manés que se afundavam nelas, a maioria era na maconha, outra parcela era viciada em ácidos, alguns cheiram fluido de isqueiro, lança perfume, mas a grande parcela deles ficavam loucos na "cachaça" mesmo.
Hoje é o álcool, cigarro, a maconha, cocaína, drogas sintéticas de tudo quanto é jeito e misturas de tudo quanto é tipo, se surgir a "moda" e rolar um boato que cheirar merda dá barato, vai ter um montão de manés cheirando merda.
É muito "Zé Mané" que se acha esperto, é muita bobeira, é muita merda junto, os caras não pensam, a grande maioria vai de embalo e acaba quebrando a cara e dando dor de cabeça para os familiares.
Acho que o que se tornou um grave problema social foi o maldito crack, destruidor de lares e de pessoas, ele rapidamente leva a pessoa a dependência, e o que pode se esperar depois só é o pior possível.Primeiro ele começa roubando da família pra sustentar o vicio, depois vai as ruas, se necessário mata ou morre pela droga ou então vai acabar mofando no fundo de uma cadeia, sempre querendo mais e mais e perdendo a noção da realidade e dos limites, isso é triste, ver a rapaziada perdendo o rumo de sua estrada.
Muita coisa mudou de lá prá, estilos musicais, comportamento, a forma de se encarar a vida e seus problemas, mas o que não vai desaparecer certamente são as nossas lembranças, lembranças das coisas boas que ficaram.
As lembranças ruins a gente tira como experiências mal sucedidas, mas as boas a gente guarda em um cantinho, com muito carinho e em alguns momentos se necessários a gente resgata algumas delas, dá uma olhada, faz uma reflexão, tenta retomar as forças, guarda, pega o "trem" e segue adiante.
Liguei para o João para saber a opinião dele sobre o que ele acha dessa época de ouro do Rock, prá quem não sabe, o João é chegado em um rock, e o papo rolou assim:
Fala ai João, e a vida cara?
- Vai seguindo Dió e você ?
Eu João, tô meio caído, mas faz parte, fazer o que?
- E ai Dió, que tem de novo?
Cara estou hoje um tanto saudosista, pensando na época de ouro do Rock, das doideiras, das bandas, dos malucos, afinal, curtir aquele período foi muito bom.
Fala ai João, e a vida cara?
- Vai seguindo Dió e você ?
Eu João, tô meio caído, mas faz parte, fazer o que?
- E ai Dió, que tem de novo?
Cara estou hoje um tanto saudosista, pensando na época de ouro do Rock, das doideiras, das bandas, dos malucos, afinal, curtir aquele período foi muito bom.
Cara, tenho paixão pelo rock, gosto de musicas, mas em relação esse negócio de saudosismo, estou ainda vivendo meu tempo, curtindo meu momento, vou deixar isso pra pensar mais lá na frente.
Você é muito saudosista, esquece, pensa no hoje, no agora, bandas, artistas e musicas iguais aquelas não veremos nunca mais, mas as bebidas que temos hoje, com certeza temos com melhor qualidade do que as do passado, faz que nem eu, toma umas prá esquecer.
Antes de desligar, vou deixar uma pra você pensar :
- Quem coça o rabo, cedo ou tarde cheira o dedo !
