Eu estava observando uma garrafa de cachaça na estante, quando ela me chamou a atenção e disse :
- Ei Dió, quando você passar perto do bar do Jesus, manda um abraço pro meu avô, ele esta naquelas prateleira a uns 40 anos, esta todo cheio de pó, tá largado, estou com saudades do velho, quando passar por lá, diz que eu mandei um grande e forte abraço, vê se não esquece tá.
- Pode deixar, quando eu passar por aquelas "bandas", eu aviso ele.
Sai dali e decidi escrever, eu sou um bom sou observador, principalmente quando estou andando pelas ruas da cidade, de tanto passar em frente do boteco do Jesus, acabei decorando cada objeto, o boteco, como poderia definir, bizarro, estranho, chega até a ser um tanto exótico.
O boteco fica “encravado” entre duas pequenas ruas estreitas, de esquina, em um bairro da zona leste aqui de São Paulo, o que pode-se notar é que ele deve estar ali a mais de 50 anos, as ruas naquele pedaço são bem estreitas, mal dá para se passar com um carro, as casas que cercam o boteco do Jesus, são casas muito antigas que foram sendo reformadas ao longo dos tempos.
Você olhando atentamente o bar do Jesus, tem a impressão que ele esta ali a décadas, intocável, parece que o tempo ali não passou, é tudo muito indefinido, é uma mistura de bar dos anos 50, com toque de boteco dos anos 60 e muita coisa dos anos 70 e 80.
Os frequentadores do bar do Jesus podem ser divididos em :
1) 70 % de aposentados,
2) 10 % de desocupados,
3) 15 % de cachaceiros e pé inchado,
4) 05 % de curiosos, passando por ali só para tomar uma dose.
Quando passo por aquela rua, o bar do Jesus me dá a impressão que aquilo tudo saiu de uma maquina do tempo, e o curioso é que os frequentadores também, eles parecem personagens dos contos de Jorge Amado.
E ai João, tudo belele? Eu estava indo até sua casa.
O ambiente é mal iluminado, um tanto escuro, o balcão de madeira é muito antigo, uma pequena mesa de bilhar, muitas garrafas antigas nas prateleiras, algumas já desbotadas pelo tempo, cigarros “picado”, o tal do cigarros solto sendo vendido por unidade, e o seu secular baleiro em cima do balcão aonde as balas de tão velhas estão derretendo, se desintegrando ao longo dos anos.
A coisa mais moderna que se tem ali é uma tv velha de madeira em cima de um movel antigo, ela fica ligada o dia todo, só ligada, pois ninguém presta muita atenção no que esta passando, o negócio ali é bebericar sentado nos banquinhos espalhados dentro do boteco, jogar conversa fora e comer os eternos torresmos e ovos cozidos coloridos, conhece?
O Jesus tem uns 65 anos, ele tem uma bandinha de forró daquelas tradicionais, tudo movido a pinga e cachaça, ele é o vocalista, as vezes quando eu passo por aquele cruzamento, lá esta ele e sua banda, ou algum solitário membro da banda de fogo tocando alguma coisa.
Sempre as mesmas pessoas, tocando sempre as mesmas musicas, e a turma de sempre assistindo, você olhando aquela cena, tem a impressão que o tempo parou ali, e tudo é uma sequência de repetições, como se fosse um disco riscado.
1) 70 % de aposentados,
2) 10 % de desocupados,
3) 15 % de cachaceiros e pé inchado,
4) 05 % de curiosos, passando por ali só para tomar uma dose.
Quando passo por aquela rua, o bar do Jesus me dá a impressão que aquilo tudo saiu de uma maquina do tempo, e o curioso é que os frequentadores também, eles parecem personagens dos contos de Jorge Amado.
A imagem física deles chega a ser é bizarra, parece que são seres que ficaram parados no tempo e ali se encontram até hoje, com sua linguagem especifica, seus gestos, suas roupas, chapéus, com seus cortes de cabelos como se usavam a décadas atrás.
A grande maioria se conhece e com certeza deve morar por ali, tenho a impressão que aquele quarteirão foi criado ali através de um buraco negro e que a qualquer momento vai se abrir um portal e tudo aquilo vai se sugado para o nada e vai desaparecer.
Liguei para o João para falar do bar, como ele mora naquela região, queria contar do achado, mas ele não estava em casa.
A ultima vez que falei com o João, aquele meu amigão, ele disse que quase todo dia, conversava com Jesus, fiquei feliz, o João é um cara meio largadão no mundo, agora quem sabe ele havia se encontrado em alguma religião, naquele mesmo dia, quando eu estava indo em direção da casa dele, passei perto do boteco do Jesus, e quem encontrei lá? Isso mesmo, o João.
E ai João, tudo belele? Eu estava indo até sua casa.
- Grande Dió, tô batendo um bilharzinho, você conhecia o bar do Jesus ?
Só de passagem, quando venho por essas "bandas", sempre venho por aqui.
- Eu não te disse que tinha como amigo Jesus, esse é o Jesus o dono do boteco,
ei Jesus, chega mais que vou te apresentar meu amigão o Dió...vê se põe uma pra ele,
é por minha conta, aquelas especiais.
ei Jesus, chega mais que vou te apresentar meu amigão o Dió...vê se põe uma pra ele,
é por minha conta, aquelas especiais.
Valeu João, tô devagar, deixa prá uma outra vez.
Antes de ir, quero deixar esta para vocês pensarem :
Antes de ir, quero deixar esta para vocês pensarem :
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